Arqgen atrai R$ 6,2 milhões em sua primeira rodada de investimentos
A Arqgen, startup de inteligência artificial generativa (IA) aplicada a projetos de arquitetura, atraiu investimento seed de R$ 6,2 milhões. O aporte é coliderado pela Terracotta Ventures, principal player de venture capital no setor de construtechs e proptechs do país, e pela ABSeed, casa de investimento de VC focada em empresas com soluções SaaS B2B. A rodada contou ainda com a participação de BR Angels e Smart Money Ventures.
Fundada em 2020, em São Paulo (SP), pelos arquitetos Thomas Takeuchi e Alexandre Kuroda, a Arqgen funciona no modelo B2B para construtoras, incorporadoras e varejo da cadeia da construção e imobiliário. Com tecnologia de inteligência artificial pioneira no setor, a construtech lançou um software capaz de gerar diferentes opções de projetos de arquitetura e urbanismo, em segundos, e de acordo com as especificações do cliente.
Em fase avançada de validação do seu market fit, a startup conta com um time de 14 desenvolvedores de software e tem como principais serviços o Arqgen Layouts, para a concepção automática de design de interiores residenciais, comerciais e corporativos; e o Arqgen Buildings, gerador de estudos de viabilidade para edifícios residenciais, comerciais e galpões.
As duas soluções visam treinar a inteligência artificial para a concepção de projetos em escala e, assim, reduzir o processo “braçal” e empoderar os profissionais de arquitetura para que foquem em estratégia e inteligência na tomada de decisão. Com isso, a empresa traz agilidade aos serviços de arquitetura tradicionais, que costumam ser manuais, burocráticos e demorados, por um processo digital completo, ágil e de máxima precisão.
“Hoje, nossa plataforma cria 10 projetos arquitetônicos por minuto, até 40 vezes mais baratos e 57 vezes mais eficientes que os modelos tradicionais. Se você é uma incorporadora imobiliária, que precisa fazer muitos estudos imobiliários para um novo lançamento, o volume de produção e o tempo são cruciais, porque a demora e os desafios na entrega dos projetos podem se tornar um problema milionário. Queremos mudar o paradigma de como se faz arquitetura”, afirma Thomas Takeuchi, CEO da Arqgen.
Foram esses diferenciais e propósitos que atraíram para o negócio grandes clientes, como Bradesco e Scala Data Centers, e parceiros, incluindo AWS, Microsoft, Nvidia, McNeel e Autodesk.
Demanda “sob medida” aliada a outras dores do mercado de arquitetura originou a startup
Com três anos de atividade, a Arqgen tem uma história diferente do começo da maioria das startups, que identificam um problema de mercado, propõem uma solução, e buscam investimento para iniciar o negócio. Thomas Takeuchi conta que a plataforma ganhou vida já com cliente na carteira, e crescendo organicamente, com o faturamento aumentando seis vezes no período. A projeção é chegar a 120% de crescimento em 2023 no comparativo com o ano passado.
Formados em arquitetura, os dois fundadores já utilizavam recursos de automatização nos seus projetos desde 2014. Ambos têm mestrado e já aplicavam tecnologias de arquitetura generativa e inteligência artificial antes mesmo do hype das tecnologias baseadas em IA.
“Nosso ponto de partida era pensar como poderíamos fazer uma máquina ser capaz de gerar os projetos de arquitetura para nós, dando início a nossa jornada empreendedora”, reforça Takeuchi.
Os estudos eram feitos num ecossistema de inovação em São Paulo, quando a solução se conectou com o desafio de uma grande empresa que precisava lidar com reformas de milhares de imóveis e gastava muito tempo e dinheiro com a execução dos projetos.
“Tínhamos uma dor de mercado e um cliente pagante (com monetização de recorrência mensal) já validando a nossa solução antes mesmo de a empresa existir. Isso permitiu que ao lançarmos o negócio já tivéssemos uma estrutura financeira saudável, sem ter recebido nenhum investimento”, recorda Takeuchi.
De lá para cá, a startup validou o produto com novos clientes e recebeu R$ 1 milhão no programa de subvenção da Fapesp/Finep. Agora, a Arqgen concluiu sua primeira rodada de investimento para consolidar e expandir a ferramenta para construtoras e incorporadoras de diferentes regiões e tamanhos.
Para alcançar o objetivo, cerca de metade dos recursos do aporte serão aplicados em tecnologia e aprimoramento do software. A empresa também pretende alocar parte do dinheiro na formulação de canais de vendas.
Capacidade de solucionar múltiplos problemas foi um dos diferenciais que originou o aporte
Com uma tecnologia generativa inédita no mercado imobiliário brasileiro, a solução da Arqgen se tornou uma prioridade para compor o fundo “Warriors I”, que já conta com mais de dez empresas investidas da Terracotta Ventures.
Bruno Loreto, managing partner da Terracotta Ventures, credita três fatores para a entrada da VC no negócio: a especialização técnica e científica dos sócios da Arqgen, somada ao crescimento significativo da demanda por tecnologias generativas e de inteligência artificial em todo mundo, além da capacidade da plataforma para impactar o segmento através de uma tese necessária a nível global.
“Quando olhamos para as aplicações que a Arqgen já validou, é nítido o potencial que ela tem de explorar e resolver múltiplos problemas na cadeia de construção civil e imobiliário. Essa clareza na maturidade e no conhecimento da tecnologia, colocam a startup num patamar muito mais avançado do que outras empresas que estão no mesmo estágio. Mostra que a startup está pronta para dar o próximo passo”, justifica Bruno Loreto.
Geraldo Melzer, cofundador da ABSeed, destaca mais um ponto: a conquista de grandes empresas para o portfólio da startup, a exemplo do Bradesco, o que aponta para uma atuação mais ampla e de grande escala pela plataforma.
“Temos na Arqgen uma combinação de fatores que entendemos como fundamental: um time que vem de um background de arquitetura, tendo já vivenciado as dores desse mercado, somados a uma fortaleza técnica de produto e engenharia com muita profundidade. No final do dia, isso deriva em um produto com proposta de valor excepcional, que evidencia a seus clientes uma economia de tempo e de capital significativa pelo uso da plataforma”, conclui.
Já para Orlando Cintra, fundador e CEO do BR Angels, a startup combina inovação, expertise e conhecimento de mercado em um setor ainda pouco assistido por soluções de inteligência artificial generativa. De acordo com o investidor, isso indica o alto potencial de escalabilidade do negócio.
“O BR Angels entende que Inteligência Artificial veio para ficar e é algo que vai transformar uma série de segmentos e a maneira como nós, humanos, trabalhamos e, muitas vezes, até como interagimos com o mundo. Nós vimos na Arqgen a possibilidade de transformar o setor de construção e arquitetura. A startup tem um potencial imenso de escalabilidade, trazendo inovação para o segmento, já com clientes sólidos, e com um time de fundadores excepcionais, que provaram que a empresa tem um produto fantástico e uma perspectiva de tração muito boa”, afirma Cintra.
Para Thomas Takeuchi, os fundos que lideram a rodada atuam hoje como uma espécie de padrinhos da startup.
“O domínio do setor de venture capital sobre a construção civil da Terracota e a proximidade que mantêm conosco desde o início por meio de mentoria à expertise da ABSeed na escalada de empresas SaaS certamente vão acelerar nosso crescimento. São os fundos que fazem mais sentido termos como investidores estratégicos no negócio”, completa.
*matéria publicada originalmente em Revista Empreende